LIÇÃO 11 - A SALVAÇÃO NÃO É OBRA HUMANA

Texto Áureo: Tt 3.5 Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo,

Leitura Bíblica: Efésios 2.1-10

Introdução: Usando aqui a expressão "véu de sua humanidade" me refiro à encarnação de Jesus Cristo que ao assumir a forma humana, Ele se tornou acessível aos homens, mas também ocultou sua glória divina. Esse véu pode ser interpretado como a limitação da compreensão humana diante da grandeza de Deus. Nossos sentidos e intelecto finitos têm dificuldade em conceber a plenitude do amor divino. “Se os olhos dos homens não estivessem cegos” significa que muitos não conseguem enxergar a manifestação do amor de Deus em Cristo devido à cegueira espiritual. Essa cegueira pode ser causada por diversos fatores, como o apego aos bens materiais, o orgulho, a incredulidade ou a falta de busca pela verdade.

Apesar do véu da humanidade, o amor de Deus se manifesta de forma plena em Jesus Cristo. Sua vida, seus ensinamentos, seus milagres e, principalmente, seu sacrifício na cruz revelam a profundidade do amor divino pela humanidade. Para enxergar esse esplendor, é necessário ter "olhos" espirituais abertos, ou seja, um coração disposto a crer e a amar. A salvação não é alcançada por meio de ações humanas ou méritos pessoais. Na teologia cristã, a natureza humana é vista como falha e incapaz de alcançar a perfeição necessária para a salvação. Isso contrasta com a idéia de que a salvação pode ser conquistada por meio de boas obras ou rituais religiosos. A salvação é atribuída à misericórdia de Deus, um ato de graça e amor incondicional. A misericórdia divina é vista como a fonte da salvação, demonstrando que Deus oferece a salvação como um presente, não como uma recompensa. "Pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo". O processo de salvação é como uma "lavagem da regeneração" e uma "renovação do Espírito Santo". O novo nascimento espiritual é uma transformação interior que limpa o indivíduo do pecado e o torna uma nova criatura. É preciso destacar o papel do Espírito Santo em renovar e transformar a vida do crente. Isto porque, o Espírito Santo é visto como o agente que opera a regeneração e continua a trabalhar na vida do crente, moldando seu caráter e santificando-o.

 

1. A INCAPACIDADE HUMANA

Efésios 2.1 E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, Efésios 2.2 Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência; Efésios 2.3 Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também.

Vamos explorar a ação transformadora da graça, contrastando a vida espiritual com a vida mundana.  Mortos em ofensas e pecados descreve aqueles que estão espiritualmente mortos, ou seja, separados de Deus. Essa morte espiritual não implica necessariamente a morte física, mas sim uma desconexão com a vida eterna. Essas pessoas podem estar "vivas para este mundo", absorvidas por suas preocupações e prazeres passageiros.

O Mundo como uma "Filmagem": 

Comparando o mundo com uma "filmagem" enfatiza-se a sua natureza transitória e ilusória. Essa imagem nos lembra que as coisas deste mundo, por mais atraentes que pareçam, são passageiras e não oferecem satisfação duradoura.

Essa visão alinha-se com a perspectiva bíblica que enfatiza a importância de buscar valores eternos em vez de se apegar às coisas temporais.

A Morte do Espírito e o Interesse Mundano: 

A passagem liga a "morte do espírito" a um "intenso interesse ativo pelo curso deste mundo".

Isso sugere que a busca incessante por prazeres mundanos e a preocupação excessiva com as coisas materiais podem sufocar a vida espiritual. Quando colocamos nossa atenção nas coisas terrenas, nos afastamos de Deus e nos tornamos vulneráveis à influência do "grande inimigo das almas".

O "Grande Inimigo das Almas": 

O "grande inimigo das almas" refere-se a Satanás, que é descrito na Bíblia como aquele que tenta desviar as pessoas de Deus. Ele opera "por trás dos variantes cenários do mundo", usando as distrações e tentações para nos afastar da verdade e da vida eterna. A ação da graça de Deus é justamente o oposto disto, ela nos desperta desta morte espiritual, e nos faz enxergar as artimanhas do inimigo.

Temos que examinar nossas prioridades e a avaliar se estamos vivendo para o mundo ou para Deus.

A palavra nos alerta sobre os perigos do apego excessivo às coisas materiais e nos incentiva a buscar uma vida espiritual mais profunda. Lembra-nos que a vida cristã é uma caminhada de vigilância constante, onde devemos permanecer atentos às tentações do inimigo e buscar a proteção de Deus.

Explorando o contraste entre a ação do Espírito de Deus e a ação do espírito do mal, destacamos a importância da obediência e da união com Cristo. 

Ação do Espírito de Deus e do Espírito do Mal: 

A passagem estabelece um paralelo entre a forma como o Espírito de Deus opera naqueles que são obedientes e a forma como o espírito do mal opera naqueles que são desobedientes. Isso enfatiza que a obediência ou desobediência a Deus abre caminho para a ação de um ou outro espírito em nossas vidas. A obediência permite que o Espírito Santo nos guie, nos transforme e nos capacite a viver uma vida que agrada a Deus.

A desobediência nos torna vulneráveis à influência do espírito do mal, que busca nos desviar do caminho de Deus e nos levar à destruição.

A "Trindade do Mal": A passagem identifica três forças que compõem a "trindade do mal":

"O curso deste mundo": Referem-se aos valores, padrões e filosofias que dominam a sociedade e que são contrários aos princípios de Deus.

"As inclinações de nossa carne": Refere-se aos desejos e paixões pecaminosas que residem em nossa natureza humana.

"O príncipe da potestade do ar": Refere-se a Satanás, o líder das forças espirituais do mal, que opera nos bastidores do mundo.

Essa trindade representa um sistema de influência maligna que busca nos afastar de Deus e nos aprisionar no pecado.

A Necessidade da União com Cristo: 

Diante da realidade da "trindade do mal", a passagem enfatiza a importância de estarmos em "união viva com o invencível Espírito de Cristo". Essa união com Cristo é a nossa proteção contra as forças do mal. Através do Espírito Santo, Cristo nos capacita a resistir às tentações, a vencer o pecado e a viver uma vida de vitória.

 

2. A MARAVILHOSA GRAÇA DIVINA

Efésios 2.4 Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, Efésios 2.5 Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), Efésios 2.6 E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; Efésios 2.7 Para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus.

A expressão "assentados com o Senhor ressurreto" alude à ascensão de Cristo aos céus, onde Ele se assenta à direita de Deus. Isso significa que, em Cristo, também temos acesso à presença de Deus e compartilhamos de sua vitória.

 

"Nós estávamos com Cristo quando ele jazia no túmulo e depois também ressuscitou. No pensamento de Deus nós já estamos assentados sobre o trono com o Cristo glorificado."

Este ponto enfatiza a perspectiva divina. Deus nos vê em Cristo, e essa união é tão real que, aos olhos de Deus, já estamos desfrutando da glória celestial.

A Dificuldade em Crer e Agir de Acordo:

"É muito triste que nem todos creem, agindo como se não estivéssem assentados com ele."

Destaca-se a discrepância entre a nossa posição em Cristo e a nossa experiência diária. Muitas vezes, não vivemos de acordo com a nossa identidade em Cristo, permitindo que o medo, a dúvida e a insegurança nos dominem.

Dom do Amor de Deus:

"Tudo isso é dom do amor de Deus, que não merecemos."

Essa afirmação final reforça a natureza da graça divina. A nossa salvação e a nossa posição em Cristo são dons gratuitos, concedidos por puro amor e misericórdia.

Implicações Práticas:

Precisamos renovar a nossa mente e a crer nas promessas de Deus. Isso nos incentiva a viver de acordo com a nossa identidade em Cristo, confiantes em sua vitória sobre o pecado e a morte. Também nos lembra da importância da gratidão, reconhecendo que tudo o que temos é um presente do amor de Deus.

 3. A INSUFICIÊNCIA DAS OBRAS

Efésios 2.8 Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Efésios 2.9 Não vem das obras, para que ninguém se glorie; 10 Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.

Essa passagem destaca a centralidade da graça na vida cristã, desde a salvação até a prática das boas obras. Vamos explorar os principais pontos:

A Graça como Base da Nossa Posição:

"Por meio da graça fomos colocados nessa posição, e, pela graça, somos mantidos nela." Essa afirmação reforça a doutrina da salvação pela graça, um princípio fundamental da fé cristã.

A salvação não é resultado de méritos humanos, mas um presente gratuito de Deus.

A manutenção da vida cristã também depende da graça divina, que nos capacita a perseverar na fé.

Somos Feitura de Deus:

"Somos feitura de Deus; esse é o sentido da palavra grega aqui traduzida como obra." A palavra grega "poiema" (ποίημα), traduzida como "obra", significa "algo feito" ou "uma obra de arte". Essa expressão enfatiza que somos criados por Deus para um propósito específico. Somos obras-primas nas mãos de Deus, moldados e transformados pela sua graça.

Boas Obras Planejadas por Deus:

"fomos criados para boas obras; elas foram planejadas para nós, e a nós apenas nos incumbe vivê-las."

As boas obras não são o meio de salvação, mas o resultado da salvação.

Deus planejou boas obras para cada um de nós, e nos capacita a realizá-las.

Nossa responsabilidade é viver de acordo com o propósito de Deus, praticando as boas obras que ele preparou para nós.

Implicações Práticas:

Essa passagem nos lembra que a vida cristã é uma resposta à graça de Deus.

Somos chamados a viver em gratidão, reconhecendo que tudo o que temos é um presente de Deus.

Somos incentivados a buscar o propósito de Deus para nossas vidas e a praticar as boas obras que ele nos chama a realizar.

É muito importante que o crente entenda que as boas obras são frutos da salvação, e não a causa dela.

Em resumo, essa passagem nos convida a viver uma vida de graça, gratidão e serviço, reconhecendo que somos obras de arte nas mãos de Deus, criados para um propósito específico.

Pastor Adilson Guilhermel